segunda-feira, 29 de outubro de 2012

valei-me santo antônio


escrever
é ato insano
sobretudo
o ritmo
do fluxo

a intensidade
cidade
derradeira tinta
derrama-se
no céu de
inverno
verão
minha solidão
é enorme

vasto o mundo
raimundo
mínimo
como o tempo
que implode

descrever
é ato insano
a imagem
exposta
mostra
a carne
impõe
nossa tentação

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

um poema por dia

um poema apenas
capaz de apaziguar
todas as penas
sacrifícios
ossos do ofício
hospício explícito
maldito vício

um poema por dia
um poema lento
que vá lendo aos poucos
aos bocados
metáfora homeopática
histérico mistério
dos hormônios
homônimos

anfetamina
afeta a mina
menina
como foi cair nessa cilada ?

um poema por vez
um poema único
dividido
decomposto
em perfeitas frases feitas
em perfume de lavanda
verso descalço
calado
poema vida
poema ida e vinda
poemorte
eterna
enquanto dure a pedra
o sal o sol a solidão
o gosto amargo o doce
a decisão
enquanto verde mágoa
mata minha sede
dá-me água
pinga
cachaça
tira-me daqui
ócio que me ocupa
sorriso dócil
que distribuo
aos pedaços
falsos de verdade

entre versos
se reverte
a tarde

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

arrepio

no último dia de maio
ainda pela manhã
me suicidei três vezes: 
na primeira abri o gás 
e silenciosamente 
deixei 
meu corpo 
cair envenenado
na segunda
não menos dramática
cortei o pulso 
sobre a pia
sinto o gosto 
do sangue 
na boca 
derramando 
pelo ralo
desfaleço
antes do almoço
a terceira 
derradeira
encosto 
a arma na cabeça
atiro
em tempo de ver 
os miolos 
se espatifando 
na parede
manchando 
o azulejo e 
o branco 
impecável 
do piso 
liso 
da cozinha.
naquele dia
no último dia 
de maio
ao fim 
da tarde 
morri 
com um punhal 
cravado 
nas costas
Top Chef.
Artist: Pallo
Cozmo

terça-feira, 9 de outubro de 2012

- eu conheço quatro estados e um país

-->
Segunda-feira, Junho 19, 2006

jardim vitória

olho para o céu e procuro as plêiades, sempre procuro primeiro as plêiades, mas é escorpião inteiro o que eu encontro, a santa crux, orion num céu aberto até não poder mais.
periferia, a rua de terra nua
a terra vermelha mesmo durante a noite parece sangue às vezes
as tirinhas verde amarelas penduradas tremulam com o vento
a noite é fresca

oficina de canto ao lado
bla, ble, bli, blo, blu
A A E E I I O O A

no céu as estrelas e os satélites
as estrelas são os olhos da noite sem lua

a rua de terra o bairro precário as crianças felizes

- a senhora é de são paulo capital? conhece santos?
me pergunta o mais tímido dos meninos que estavam pra fora

fotos e endereços trocados
a oficina termina
o burburinho começa
fecho o caderninho

- todo rio vai dar no mar, né? então o mar deve ser sujo ...

- eu gosto de sair de uma estrada e seguir por outra, eu gosto de geografia

- eu conheço quatro estados e um país

norlam da rocha costa nascimento 16/07/1994


by carol ribeiro 11:55 PM   1 comments  

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

listen




adorei que vc veio
pentear os meus cabelos
emaranhar minhas ideias

adorei que vc veio
meio séria
porque eu estava mais velha
nesse o tempo que invento
e vc não faz ideia
vento forte
que se move
a favor
da estratégia
senhor da cura
que concentra
a matéria
então falamos da paz
entre as curvas e nuances
olhamos pra trás
e pra frente
no espelho
a tela do futuro
nos revela agora
uma bola de cristal
pele que respira
poro que dilata
pelo que se espicha
boca que me fala

aqui
sou só
ouvidos

terça-feira, 18 de setembro de 2012

colher borboletas

é privilégio de quem planta lagartas

crescente


vejo a lua
ainda
indo
vai sumindo
sumindo
a lua
crescendo
partindo
a lua
fita
fina
linda
ainda
vejo a lua
logo
não mais


domingo, 9 de setembro de 2012

> bom dia !

> > > > > > acorda baby
> > > > > > já é tarde
> > > > > > olha o céu azul
> > > > > > da cor
> > > > > > deste domingo
> > > > > >
> > > > > > acorda baby
> > > > > > que o dia está lindo
> > > > > > que o tempo
> > > > > > anda lento
> > > > > > e o sol
> > > > > > está sorrindo
> > > > > >
> > > > > > acorda baby
> > > > > > já passou da hora
> > > > > > de estar dormindo
> > > > > >
> > > > > > acorda ...
> > > > > >
> > > > > > eu já vou indo ...

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

2012



1. HOJE

céu de bladerunner
cinza azul violáceo
fim de tarde
as nuvens baixas sobre nossas cabeças
transformam as cores em tons de púrpura
telhados refletidos e cachorros latindo
o telefone toca e a vontade é de não atender
alô
era o vendedor
não
não vai chover sobre nossas cabeças
não
nem prenúncio de precipitação
nem gota perdida
céu chumbo seco de outono
ar que não respiro
mais um trajeto curto esbanjando diesel
e a noite caí
e a lua cresce
mas a ar odor permanece
diariamente
produzindo corpos mentes doentes
no corre corre esbaforido pelas calçadas
no trânsito estúpido entupido das esquinas
nas filas das clínicas corredores hospitalares
não vai chover pelos próximos dias
nem nunca
repete
minha cabeça pesada e poluída
enquanto os tons de céu púrpura violáceo
dão lugar a luz tosca do poste em frente à casa
noite alguma existe
perambulo atentamente entre as palavras
respiro pouco
bebo água e uisque no mesmo copo
no mesmo corpo
cigarro
catarro
poeira
anseio de chuveiro
água de chuva
cheiro de chuva
terra molhada
suores
ardores
tremores
que fosse esse o fim
distante dos melhores vinhos
tão longe de Paris
meu último gesto de ternura
um gosto de lágrima futura
que lentamente se inaugura

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

antigos


gosto de trazer o chão brilhando
 e a roupa coarada
areá panela
gosto de levar a panela brilhando
e a roupa alva 
no serviço da casa
ofício poético

gosto de trazer as palavras brilhando ...

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

precaução e cautela

A MEDA

a Meda tinha medo de tudo
tinha medo de fantasma,
tinha medo de barbudo

tinha medo de policia
que só dava má notícia
tinha medo de ladrão
que pulava o seu portão

tinha medo de caranguejo
que beliscava seu pé
tinha medo de piranha
e também de jacaré

quando via um marimbondo
a Meda saía correndo
e se escutava um estrondo
as pernas ficavam tremendo

se subia uma montanha
depois de uma certa altura
o seu medo aumentava
se transformava em paúra

pra Meda nada é seguro
corria até mesmo da sombra
nunca saía no escuro
e também não pegava onda

não andava à cavalo,
tinha medo de cachorro
se escutava um estalo
gritava pedindo: socorro !

tinha medo de muita gente
medo de estar sozinha
tinha pavor de serpente
medo... até de galinha

se a Meda ficasse em casa
não saía do sofá
com medo que o bicho-ladrão
surgisse de algum lugar

um dia, eu disse pra ela
não ter tanto medo assim
o mundo era tão belo
olhe as flores do jardim !

- pra quem tem informação
o medo não manda não
basta ser cauteloso
e ouvir o coração...

sábado, 18 de agosto de 2012

apocalipse

vim nesta vida a passeio
recreio interminável
nasci poeta
esqueça
pau que nasce torto
vira trepadeira
entre paris e barcelona
trazer à tona
o meio da terra
o magma
denso
pra depois submergir
e verter
o inverso
nas águas frias
dos pirineus

verbalizei
o concreto na sala estar
não foi fácil
vomitar na sua frente

passei por aqui
e acenei
– nada de novo sob o sol
as referências eram outras
reverências
mas não deu tempo

o tempo dos rios
dos aeroplanos
dos aeroportos
dos passarinhos
migratórios
vi
mas não estava lá

o trânsito de marte
o tráfego aéreo
congenstionamento solar
me atrasei
o que é que eu tô fazendo aqui?

é bom estar no multiverso
sempre acreditei que a poesia
salvaria o mundo
dos deuses e da ciência
mas isso foi antes
de te conhecer

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

saudades da chuva


entre venus e plutão
rota de colisão
amsterdam
pela manhã
anéis de saturno
o céu de júpiter
é o limite
acredite
foi afrodite
quem me disse
que entre urano e marte
há um combate
é certo
a bola oito
no buraco negro
é meu palpite
não grite
que a velocidade
da luz
é bem maior
que o lapso
do tempo
e num piscar
de olhos
do Buda
tudo muda
tudo se ajeita
me ajuda
que entre o céu e terra
não há pedra
sobre pedra
que não ceda
água que mata a sede
rompe as nuvens
invade a tarde
até quebrar
sua dureza

terça-feira, 14 de agosto de 2012

aqui e agora

fico feliz
quando amanhece
o dia
quando a luz
aponta

fico feliz à toa
e me entrego
de carne
osso
sentimento
a tudo aquilo
que antes
fosse
mais

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

genocídio

me tire daqui
antes que eu cometa
essa loucura
e asteróide-me
no espaço tempo
fresta que me resta
lucidez incompleta
lúcifer
asteca
me tire daqui
que as luzes
se apagaram
e a cortina
carcomida
de veludo vermelho
entardeceu
e não é que você veio
mesmo
no meio da noite
num cavalo todo branco
prateado de lua
nova
não é que você veio
a tempo
e atendeu
o meu pedido
meu desejo mais
antigo
de matar
a saudade
contigo

terça-feira, 17 de julho de 2012

terça-feira, 19 de junho de 2012

aparições



os nervos de aço à flor da pele
a pele arrepiada de ódio
o ódio escorrendo nas veias
as veias com sangue de barata
as baratas sobre o açúcar
o açúcar derramado
o leite quente
o café pingado
no chão

sábado, 28 de abril de 2012

esquecimento

adorei estar contigo
mesmo que o tempo fosse curto
e as sombras, longas
mesmo quando o ruídos dos aviões
encobriram a sua voz, macia
adorei estar contigo nesse outono
próximo
e em tantos outros
rios
mares
marés
adorei andar a pé a seu lado
na trilha da melodia infinita
e silenciosa
benção de mãe
adorei te conhecer
por dentro
ontem
amanheceu mais lento
lembra
faz tanto tempo

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Daqui para cá

´Tão concretas
as abstrações
inertes
em distraídas
elucubrações






































obrigado pelos versos
de reversos

todos os poemas de carol ribeirinha!